O tema da inflação é, definitivamente, um dos maiores fantasmas da economia brasileira. E não é para menos, visto que o Brasil dos anos 1980 foi marcado pelo triste fenômeno da hiperinflação, quando os níveis gerais de preços chegavam a dobrar de valor em curtos períodos. No início dos anos 1990, entre o fim do governo Sarney (1985-1990) e o início do governo Collor (1990-1992) a inflação em doze meses no Brasil chegou a ser de 6.800%. Isso significa que os produtos custavam 68 vezes o preço de um ano antes.
O fenômeno da inflação é complexo e, dificilmente, tem uma única causa. Nesse sentido, para se pensar tanto a origem quanto uma saída, é imprescindível lançar mão de uma avaliação conjuntural e dos elementos que impactam a elevação dos preços.
No período da hiperinflação, por exemplo, o Brasil teve sua economia frontalmente impactada por fatores externos. A crise do petróleo (anos 1970) gerou um aumento generalizado dos juros internacionais e o Brasil, que no período detinha uma alta dívida externa, viu seu custo aumentar consideravelmente. Sob este fator, a política econômica passou a buscar formas de amenizar a dívida, maxidesvalorizando a moeda nacional e injetando constantes remessas de liquidez na economia para cumprir com as obrigações financeiras do governo. Além disso, os planos de estabilização, ao indexar a valorização dos preços à inflação do período, acabavam piorando este cenário.
Mesmo após a aplicação do Plano Real e dos planos de estabilização, a inflação se tornou um fantasma que ronda as perspectivas econômicas do país. Não à toa, o tema é recorrente nos noticiários e, também, nos momentos eleitorais, quando os candidatos apontam como irão manter afastado o espectro da inflação. Mas hoje, mais do que nunca, esse perigo parece se aproximar iminentemente.
Na última semana, o índice de preços ao consumidor (IPCA), registrou a maior alta dos últimos 5 anos, chegando no acumulado dos doze meses de 2020 a 3,13%, valor acima do meio da meta estipulada para o ano pelo Banco Central. Assim como já mencionado, tratar das causas desse processo não é simplório e, mais que isso, no momento o debate acaba sendo fortemente marcado por disputas em torno dos rumos da política econômica.
A atual elevação do índice inflacionário teve forte participação dos preços dos alimentos. Para alguns economistas isso é causa direta do aumento da demanda dos mais pobres, que com maior poder aquisitivo, oriundo do auxilio emergencial, passaram a consumir mais alimentos. Essa justificativa, além de um tanto quanto problemática do ponto de vista social, é rasa e equivocada.
O fenômeno da inflação é complexo e, dificilmente, tem uma única causa. Nesse sentido, para se pensar tanto a origem quanto uma saída, é imprescindível lançar mão de uma avaliação conjuntural e dos elementos que impactam a elevação dos preços.
No período da hiperinflação, por exemplo, o Brasil teve sua economia frontalmente impactada por fatores externos. A crise do petróleo (anos 1970) gerou um aumento generalizado dos juros internacionais e o Brasil, que no período detinha uma alta dívida externa, viu seu custo aumentar consideravelmente. Sob este fator, a política econômica passou a buscar formas de amenizar a dívida, maxidesvalorizando a moeda nacional e injetando constantes remessas de liquidez na economia para cumprir com as obrigações financeiras do governo. Além disso, os planos de estabilização, ao indexar a valorização dos preços à inflação do período, acabavam piorando este cenário.
Mesmo após a aplicação do Plano Real e dos planos de estabilização, a inflação se tornou um fantasma que ronda as perspectivas econômicas do país. Não à toa, o tema é recorrente nos noticiários e, também, nos momentos eleitorais, quando os candidatos apontam como irão manter afastado o espectro da inflação. Mas hoje, mais do que nunca, esse perigo parece se aproximar iminentemente.
Na última semana, o índice de preços ao consumidor (IPCA), registrou a maior alta dos últimos 5 anos, chegando no acumulado dos doze meses de 2020 a 3,13%, valor acima do meio da meta estipulada para o ano pelo Banco Central. Assim como já mencionado, tratar das causas desse processo não é simplório e, mais que isso, no momento o debate acaba sendo fortemente marcado por disputas em torno dos rumos da política econômica.
A atual elevação do índice inflacionário teve forte participação dos preços dos alimentos. Para alguns economistas isso é causa direta do aumento da demanda dos mais pobres, que com maior poder aquisitivo, oriundo do auxilio emergencial, passaram a consumir mais alimentos. Essa justificativa, além de um tanto quanto problemática do ponto de vista social, é rasa e equivocada.
Os gêneros alimentícios com mais valorização, foram justamente aqueles que se “beneficiaram” da desvalorização do real e se tornaram mais atrativos para o mercado internacional. O aumento das exportações impossibilitou o atendimento do mercado interno. Além disso, as políticas públicas de estoques de alimentos, que visavam cobrir eventuais danos de safra, vêm sendo esvaziadas desde 2015, assim como outras políticas sociais.
Ainda assim, para Paulo Guedes e outros economistas, a inflação é simples sinal do descontrole das contas públicas. Tal perspectiva, muito comum no noticiário econômico, expressa uma condição mais geral do debate econômico brasileiro. Em meio a uma condição cada vez mais integrada e dependente de capitais estrangeiros, os terroristas do debate econômico pautam incessantemente a “disciplina fiscal”, reduzindo os gastos do governo central, inclusive para investimentos e programas sociais. Os terroristas do fiscalismo usam da inflação como arma, disseminando a incerteza e o medo em torno dela para colher a aprovação do seu pacote de medidas neoliberais.
São inúmeras as evidências que demonstram a relação entre a instabilidade do câmbio brasileiro e a inflação. Ainda assim, o terrorismo econômico insiste numa determinação monocausal da inflação, ignorando outros aspectos do cenário econômico e, ainda mais grave, as necessidades do povo diante da grave crise associada à pandemia.
Além disso, as expectativas dos agentes diante do futuro econômico são fundamentalmente importantes e, como já vimos, políticas de austeridade em momentos de estagnação e recessão aprofundam ainda mais os aspectos recessivos, incorrendo em contínua deterioração dos elementos que têm levado à aceleração da inflação dos alimentos.
Ou seja, a pandemia aprofundou graves problemas da economia brasileira. Em meio ao aumento do desemprego e à diminuição da renda, até a fome volta a assolar os mais pobres. Ainda assim, o terrorismo econômico não parece se importar, só tem olhos para o butim que pretende conquistar com o esvaziamento do Estado. A crise que se impõe só pode ser revertida a partir do Estado, capaz de agir no ciclo econômico sem as amarras do setor privado. Mesmo a inflação atual parece ter muito mais a ver com o desmonte de políticas de proteção da soberania alimentar do que com os aumentos do gasto público. A pandemia, a crise econômica e a inflação exigem uma saída que a austeridade não pode apontar.
*Iriana Cadó e Pedro Mattos são economistas e militantes da Consulta Popular.
**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a opinião do Sindicato dos Servidores de Suzano.**